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Artigo: Um Conto de Natal Andradinense

Daquele dia em diante ele ficou conhecido não como aquele que transformou água em vinho, mas sim, água em dinheiro!

“(…) E na cinza das coivaras,
os marcos de uma cidade.

Posse. Vinculação.
Desbravamento. Lastro. Variante.
Descrença dos vencidos.
Deserção.(…)” Canto de Andradina – Cora Coralina

Contam os antigos, das épocas onde as tradições eram passadas através da fala entorno das fogueiras e de defesas disputadas nas ágoras que, numa festa, o auto mandatário da província Euclidiana chamara seus magos a exigir-lhes : Água em vinho já fora feito quero ver transformar água em dinheiro!
E acompanhado do seu gritinho, meio esquisito, assim fora feito o piti!
“Tu 100 sem Nada” irmão de criação do grande mandatário “Já 1000 com Tudo”, seu fiel escudeiro e protetor, ouve perplexo a ordem do meio irmão e pensa se realmente aquilo poderia ser feito.
– Irmão! dispara sem pensar “Tu sem Nada” para o grande “Já 1000 com Tudo” .
– Como podes querer encher seus cofres a custas de secar nossos corpos?
Jajazinho, como é conhecido pelos íntimos, já refeito do recente piti o ensina.
– Ó representante da família “Sem Nada” durante anos eu vaguei pelo vale dos pobres, bradei nas veredas legislativas contra os tiranos da época, e Tu pões em dúvida aquilo que proponho?
E o representante do povo “Sem Nada”, envergonhado, não segura o peso de sua cabeça e a deixa cair em posição de submissão e vergonha. Jajazinho prossegue em sua retorica.
– Nasci onde, o que eu plantava, não me dava direito a comer! Vim através dos tempos e não pela mãos dos anos!
– Dividi a estória dessa cidade ao meio: Antes e depois de mim, então me ouça ó tu “Sem Nada” !
Por um momento o 3 vezes grande respira como se fosse dar a luz a grande boa nova do século, e, deixando passar pelo baixo diafragma o grande sopro que uniria suas cordas vocais ao estímulo do mais profundo sentimento disparou:
– Eu serei o grande líder regional! Minhas ações, um dia, ultrapassarão as barreiras de nossa cidade e acredite ó tu dos “Sem Nada” eu serei mais reconhecido lá fora do que no meio dos meus!
“Sem Nada” que estava há dias sem nada no estômago, sem nada no bolso e sem nada na cabeça sentiu o quão profundo pesara em sua alma ouvir aquelas palavras.
– Estou enxergando onde ninguém quer ver! Prossegue “ Já 1000” .
– As pessoas podem passar dias sem comer mas sem beber água não!
– As pessoas podem passar dias sem usar fragrâncias e aromas mas sem tomar banho não!
– As pessoas podem deixar de usar caldos e outras especiarias em suas refeições mas não podem prescindir do liquido divino em qualquer preparação gastronômica.
– Para serem consideradas inclusas em suas religiões elas precisam dos rituais batismais e eles necessitam de água!
– Os remédios, que a todos os males organizam, usam como veículo o mesmo mineral !
– Até Hollywood precisará um dia de água para lançar o Aquamam!
Ai sim “Sem Nada” se mostra confuso. Quem ou que raios seriam Hollywood e o tal do Aquamam?!
– Então “Sem Nada”! Volta com uma calma ofegante nosso opulento Jajazinho.
– Você que me sustenta e me da sobrevida no poder, por toda eternidade, entenda de uma vez por todas que: os segredos do 33, do 11, do 9 e até mesmo do Código Da Vinci não são nada frente a grande dominação do H2O.
– O que meus magos tem que descobrir não é como alterar a composição orgânica da água mas sim como TOMA-LA , para nós, antes que qualquer uma a TOME em seus banhos, refeições, afazeres, diversão e até mesmo para matar a sua sede.
-Temos que colocar um pedágio entre os poços de água e qualquer cidadão que chegue perto dele.
E antes que o “Sem Nada” meneasse a cabeça em sinal de concordância “com Tudo “ ordenou:
– Agora vá, e mande vir aqui Santa Klaus, o Papai Noel em pessoa que esse ano eu quero caprichar nas festas de fim de ano!”
Alegre, não com a explicação mas sim com a possibilidade de mais festas o represente da tribo dos “Sem Nada” se abala numa carreira rumo a seus amigos com o fino propósito de propagar a boa nova:
– Que se dane quem ganhe com a água o importante é que nós sempre teremos papai noel !

Marcos Aurélio – Jornalista

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